Prezados,
Escreverei agora em português, tal como foi combinado no começo, para facilitar o trabalho dos que possam ter alguma dificuldade com o catalão. E começarei fazendo um resumo do que aqui se disse até o momento.
1) Em primeiro lugar, creio que este Fórum já deu alguns bons resultados, pois Jordi Gayà, que confessa ter estado algo hesitante em usar o termo “diálogo inter-religioso” referido a Llull, concorda agora, após a argumentação do Alexander, em utilizá-lo. Ambos se referem ao conceito de “Diálogo Inter-religioso” definido no Conc. Vaticano II.
Com efeito, qualquer termo definitório significa uma definição, que por sua vez é um conceito que expressa a essência da coisa, o que a coisa é. O conceito de “Diálogo Inter-religioso” definido pelo Conc. Vaticano II contém um conjunto de notas que, tomadas em conjunto, expressam o que o “Diálogo Inter-religioso é”, ou seja, a sua essência. Qualquer diálogo que tenha ocorrido no passado ou venha a ocorrer no futuro, se possuir tais notas, deverá considerar-se como autêntico Diálogo Inter-religioso. Neste caso, podemos concluir que existem muitos diálogos inter-religiosos autênticos, diferenciando-se entre si apenas por notas acidentais, ou seja, notas que não pertencem à essência do Diálogo Inter-religioso. Tais diálogos não seriam outra coisa senão indivíduos dentro da espécie. Até aqui, pura lógica.
Jordi Gayà concorda, pois, em chamar de diálogo Inter-religioso ao diálogo praticado por Llull, porque reconhece que naquele diálogo encontramos muitos elementos dos incluídos na definição, embora também existam outros diferentes. “...en la pràctica de Ramon Llull hi ha un bon grapat d'elements dels que inclou la definició, junt a altres que estableixen diferencies”, diz. Eu suponho que Jordi G. concorda em usar o termo “Diálogo Inter-religioso” aplicado ao diálogo luliano porque considera acidentais os elementos diferentes que encontra neste diálogo.
Alexander ratifica a conclusão do Jordi G. mostrando como diversos autores medievais também chamavam “diálogo” ao que eles praticavam: Petrus Alfoni, Gilbert Crispí, Abelard, Llull, Nicolau de Cusa.
2) Eu entendo que em se tratando de indivíduos dentro de uma espécie, não cabe falar em “plenitude do diálogo inter-religioso”, como afirma Alexander. Se um indivíduo da espécie X possui as notas essenciais da espécie X, é da espécie X. Não se pode ser mais ou menos “homem”, possuindo-se as notas de “animal” e de “racional”, que constituem as notas da definição clássica de homem. (Seguramente veremos na seqüência do debate que Llull preferia outro tipo de definição, mas este tema fica para mais adiante.)
Digo isto para centrar o debate nas notas essenciais do Diálogo Inter-religioso.
Até o momento, o Alexander e o Jordi G. apontaram duas notas essenciais: 1) Ambas as partes querem convencer, porque pretendem estar na verdade (AF), e 2) Ambas as partes possuem e conhecem sua identidade (JG).
Em comentários posteriores irei analisando estas notas, ao passo que continuarei resumindo as posturas de ambos.
Um abraço a todos,
Esteve
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