A NOVA LÓGICA

Raimundo Lúlio (1232-1316) foi um dos mais admiráveis eruditos cristãos da Idade Média. Sua extensa produção literária, cerca de 250 obras escritas em latim, catalão ou árabe, está repleta de doutrinas originais que influenciaram grandes pensadores como Nicolau de Cusa, Giordano Bruno e Leibniz. Embora grande parte dos historiadores da lógica exaltem a Arte de Lúlio, cumpre não esquecer que o Doctor Iluminatus também redigiu outras obras sobre os mais variados e originais temas da lógica medieval. Entre elas está A Nova Lógica, que se destaca por encerrar diversas inovações como uma teoria da inferência capaz de lidar com diferentes tipos de argumentos informais e dois novos métodos de prova, a saber, a demonstração por equiparação, que legitima o uso de argumentos no discurso teológico, garantindo a verdade das conclusões com base na igualdade dos atributos divinos, e a demonstração por hipótese, que consiste em contrapor duas suposições contraditórias e evidenciar as conseqüências impossíveis implicadas por uma delas para então assegurar a verdade da outra. Neste contexto, resta ainda mencionar a falácia da contradição, que ocupa um lugar privilegiado na lógica de Lúlio, pois permite a verificação da validade de argumentos, a unificação da teoria das falácias e a transformação de argumentos dialéticos em demonstrativos.

OS PRIMEIROS ESCRITOS LÓGICOS DE GOTTLOB FREGE

Gottlob Frege (1848 - 1925) fez contribuições essenciais para a Lógica e a Filosofia da Linguagem. Ele é amplamente considerado "o pai" da Filosofia Analítica, uma das mais importantes correntes da Filosofia Contemporânea que toma a análise lógica da linguagem como ponto de partida obrigatório de qualquer pesquisa filosófica. Os escritos lógicos de Frege não contêm apenas um sistema de regras de inferência ("um cálculo"), mas também uma teoria da estrutura lógica dos pensamentos ("uma teoria do juízo"). Para explicitar essa estrutura, Frege construiu uma linguagem formal cujas sentenças têm uma estrutura gramatical que corresponde supostamente à estrutura lógica dos pensamentos expressos. O desenvolvimento lógico de Frege divide-se em duas fases. A primeira distingue-se da segunda pela falta da famosa distinção entre "sentido" e "referência". Os escritos traduzidos aqui pertencem à primeira fase. Eles são básicos para o estudo da lógica em geral e da lógica fregeana em particular. O escrito central desta fase é a Begriffsschrift de 1879, que é traduzida aqui pela primeira vez para o português.