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Um brilhante início
A literatura catalã na Idade Média

A Idade Média é chave na literatura românica, já que este período marca o momento do seu início. Na Europa, a fragmentação do latim vulgar nas diferentes línguas românicas foi um processo lento e gradual, mas os primeiros indícios escritos destas novas línguas também chamadas vernáculas datam dos séculos X ou XI. O passo seguinte dão os falantes quando consideram a sua nova língua digna da criação literária.

O catalão é a evolução natural do latim oral no extremo nordeste da Península Ibérica. As conquistas dos reis da Coroa de Aragão exportarão o catalão às Ilhas Baleares, ao norte dos Pireneus e a Valência. Assim, Ramon Llull escreve em Maiorca, e outros grandes autores o farão mais tarde em Valência (por exemplo, Ausiàs March, ou Joanot Martorell, o autor do extraordinário romance Tirant lo Blanc).

A literatura catalão escrita durante a Idade Média é provavelmente uma das mais destacáveis de todas as existentes. Apesar de termos perdido as possíveis primeiras manifestações suas - a historiografia oral que reflete a poesia épica, como acontece à maioria das literaturas românicas - , a literatura medieval catalã alcança a maturidade com Ramon Llull, um extraordinário caso de gênio literário que aparece praticamente ao iniciar-se o florescimento literário duma língua vernácula. Llull toma uma língua quase sem tradição literária e cultiva-a com incrível destreza e intuição até converter essa literatura vernácula num dos picos da criação literária medieval.

A crônica histórica é outro dos gêneros cultivados na Catalunha medieval e do qual se conservam as chamadas "Quatro grandes crônicas". Depois do magistério de Llull, a poesia encontra magníficos ecos em Valência, com Jordi de Sant Jordi e Ausiàs March. E a prosa medieval tem em Francesc Eiximenis e em Bernat Metge um claro e verdadeiro exemplo de Humanismo.

O despertar
A literatura catalã do século XIX

Após o auge das letras catalãs medievais, sucede-se um extenso período de crise que se prolongará durante os séculos XVI, XVII e XVIII. Em circunstâncias normais, a literatura catalão teria desaparecido de todo, como costuma acontecer à maioria das literaturas sem Estado. A força centrípeta da política espanhola - a Espanha, com o tempo, consolidou-se como único estado e a Catalunha perdeu as poucas instituições forais que tinham sobrevivido ao desastre de 1714 - supôs a hegemonia do castelhano como língua literária.

No entanto, os ventos do Romantismo que sopravam na Europa de fins do século XVIII inverteram a situação. De fato, a ênfase romântica no valor do passado, na singularidade do indivíduo, na importância das raízes e da pátria, reavivam a pequena fagulha dum ideal num grupo de homens de letras e políticos catalães que pretenderam reviver o glorioso passado literário da Catalunha ligando-se - e cultivando - ao único traço que podia conceder aos catalães argumentos para a sua identidade: a sua língua.

Este período, conhecido como Renaixença, foi testemunho da recuperação das letras catalãs. Ainda hoje, a literatura catalã deve o seu renascimento àquele broto de força intelectual e engenho criativo. Poetas que anteriormente tinham escrito em castelhano adotaram o catalão como a sua única voz (Aribau, Balaguer, Milà e muitos outros). O mesmo se pode dizer dos romancistas, que abandonaram os modelos castelhanos para pôr em dia o gênio do romance catalão medieval. A revolução industrial proporcionou dinheiro à Catalunha, permitindo assim que a indústria fosse o adubo de cultivo duma literatura que ia renascendo.

Três homens destacaram-se neste grande lavor: Jacint Verdaguer (poesia), Narcís Oller (narrativa) e Àngel Guimerà (teatro). Dos três, o mais destacado foi provavelmente Jacint Verdaguer, já que ele sozinho foi capaz de transferir o brilho da literatura medieval catalã até os seus dias, recolhendo a língua do povo para convertê-la de novo num instrumento literário de grande força e profundidade.

O esplendor recobrado
A literatura catalã do século XX

A literatura escrita em catalão durante o século XX é de uma qualidade extraordinária. Há excelentes autores de romances (Caterina Albert, Francesc Trabal, Carles Soldevila, Josep Maria de Sagarra, Miquel Llor, Joan Sales), grandes gênios poéticos (Joan Maragall, Josep Carner, Josep Maria de Sagarra, Carles Riba, Salvador Espriu) e uma prosa de grande beleza (Joaquim Ruyra, Josep Maria de Sagarra, Josep Pla, Pere Calders, Joan Perucho e outros).

Um acontecimento histórico marca a vida destes escritores catalães "modernos": a Guerra Civil espanhola de 1936 a 1939. É preciso levar em conta que se trata de pessoas que escreveram quase exclusivamente em catalão, comprometidas, num grau maior ou menor, com a causa catalã. Em todo caso, todos tinham o firme propósito de fazer avançar ou enriquecer as letras catalãs. E o final da guerra supôs para muitos delas um penoso exílio (Josep Carner, Carles Riba, Francesc Trabal, Mercè Rodoreda, Joan Sales, Pere Calders, Gabriel Ferrater), enquanto que para outros significou uma espécie de exílio "interno", ou uma vida nova e "deslocada" (J.V. Foix, Salvador Espriu, Joan Vinyoli e, até certo ponto, também Caterina Albert e Josep Pla).

Como conseqüência da Guerra Civil, instaura-se o regime ditatorial do general Franco (1939-1975), cuja idéia central era que a Espanha devia ser Una - um partido político, uma religião, um único idioma, um destino - . Assim, falar em catalão e utilizar literariamente esta língua era proibido pela lei, ainda que o rigor da proibição começou a ceder em fins dos anos 50 e princípios dos 60, quando se iniciou um tímido e gradual processo de abertura.

No entanto, e contra qualquer previsão, a produção literária catalã do século XX lembra o esplendor da literatura catalã medieval, fato enormemente destacável. Em resumo, a literatura catalã do século XX constitui um das conquistas literárias mais brilhantes da época.

(Fonte: TOBELLA, Toni et alii. Clásicos literarios catalanes. Barcelona: Institut Ramon Llull, 2005, p. 5,13 e 19.)

   
Fragment de les miniatures del Breviculum.
 
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